O Design de UX (User Experience) é uma cultura contemporânea existente dentro da área do Design que carrega grande carga de características intrínsecas historicamente à profissão de designer e aos seus propósitos. Neste artigo serão apresentados os conceitos da palavra “design” e o contexto histórico onde está inserido o profissional UX para que você possa compreender melhor sua atuação. Confira!
Mas afinal, o que é Design?
Antes de entrarmos especificamente no conceito do que é UX, precisamos entender o que chamamos e entendemos por design. Ao contrário do que muitos acreditam e entendem via senso comum, essa palavra não significa apenas “desenho” ou a “aparência das coisas”. Ela tem origem na palavra “designo” ou “designar”, sendo essa definição também muito importante para o Design de UX.
Vale a pena lembrar que o sentido da palavra desígnio é: destino, finalidade, intenção, intento e propósito.
Desta forma, quando artefatos são projetados por um designer, este profissional “designa” ao artefato intenções, funções, sejam elas conceituais ou de uso. Essas características por sua vez apontam para a estética do aparato. E a aparência de um artefato, é uma consequência de seus desígnios fazendo parte destes.
O pesquisador Bernd Löbach (2001) define que todos os projetos de design devem assumir 3 funções:
- função prática: é a função de uso e de produção;
- função estética: características que determinam sua aparência e;
- função simbólica: o aparato deve comunicar conceitos e deve construir um significado simbólico junto ao usuário
Sendo assim o objeto projetado por um designer deve cumprir com a função que se apresenta em subníveis e subcamadas de percepção.
Ele é também a “aparência das coisas”, carregando em seu projeto a preparação de instruções para a produção de bens manufaturados e para seu uso. Muitas vezes no entendimento e definição daquilo que é design, o contexto do usuário tem sido usado apenas como ornamento, elemento secundário, e são muitas vezes consideradas, apenas, as questões superficiais estéticas.
O pesquisador Adrian Forty (2007) estuda o papel da arquitetura e design nas sociedades e contextos culturais e inclui trabalhos sobre o programa de bens de consumo; sobre a linguagem, memória e esquecimento coletivos. Segundo ele, o design tem a capacidade de moldar mitos sociais de uma forma sólida, tangível e duradoura, e tem a capacidade de definir o “Zeitgeist” (espírito) de uma época. Ele está combinado a fatores históricos, culturais, econômicos e sociais.
Ao contrário de outras atividades projetuais como a arquitetura e a engenharia, o design costuma projetar artefatos móveis ou virtuais e a função do designer, seja ele gráfico, de objetos, moda, de web ou de UX é de:
- Apontar, indicar, nomear;
- Assinalar, marcar;
- Denominar, qualificar, inserir num contexto;
- Escolher, nomear;
- Determinar, fixar;
- Ser o símbolo de, significar.
O entendimento do contexto descrito acima, é crucial para entendermos então o que chamamos de Design de UX.
Design de UX e o contexto histórico
O Design de UX teve seu surgimento recentemente e está pautado na conceituação e planejamento de estratégias para uma boa experiência do usuário na utilização dos mais diversos serviços e artefatos. É um termo bastante amplo que vai além de simplesmente projetar sites ou aplicativos apesar da sua aplicação geralmente se destinar a meios virtuais.
Esses aparatos estão presentes nas mais diversas atividades humanas, desde o e-commerce, à educação, aparatos empresariais, de saúde, de bancos, de jogos e de aplicativos em geral para uso individual.
É uma atividade multidisciplinar, uma vez que para a projetação e construção destes materiais, são necessários conhecimentos e conceitos de diferentes profissionais. Entre eles estão profissionais das áreas administrativas, marketing, psicologia, tecnologia da informação e profissionais das áreas específicas às quais a ferramenta se destina.
O termo Design de UX surgiu no início dos anos 90. Donald Norman, o Vice-Presidente do Advanced Technology Group da Apple, criou e apresentou o termo “UX”, já que ele acreditava que definições já utilizadas como Interface de Usuário e Usabilidade limitavam o entendimento sobre o significado, a metodologia e os objetivos do seu trabalho. Sendo assim ele renomeou o seu cargo para “User Experience Architect Group”.
O contexto histórico no qual o design de UX se insere, é bastante complexo dentro da sociedade industrial atual, sendo amplamente discutido por Gilles Lipovetsky (2006) em seu livro “A Felicidade Paradoxal”. O autor chama a era atual de 3 era da sociedade de consumo.
Segundo o autor, os séculos XX e XXI são marcados basicamente por 3 ciclos distintos:
O 1º ciclo que se inicia em 1880 e vai até a Segunda Guerra Mundial, constitui-se de grandes mercados nacionais e infraestruturas modernas de transportes e comunicação. Este ciclo possui como características:
- consumo de massa inacabado com a predominância do consumo voltado apenas às classes mais abastadas da população ;
- surgimento dos primórdios do marketing de massa e do consumidor moderno;
- surgimento de grandes marcas como a Coca-Cola, Procter & Gamble, Quaker Oats e Campbell Soup;
- aparecimento de grandes Magazines: Le bon Marché (França), Macy´s (EUA);
- consumo baseado na sedução;
O 2º ciclo que se inicia a partir dos anos 50 até fins de 70. Esse período marca a sociedade da abundância e foi o modelo puro da sociedade de consumo de massa marcado pelo “american way of life”.
As palavras-chave nas organizações são: especialização, padronização, repetitividade, elevação da produção onde a quantidade é a lógica que domina. Suas características são:
- aparecimento de grandes supermercados como o Carrefour (França – 1963), grandes mercados nos EUA (20 mil supermercados);
- economia baseada na sedução, efêmero, início da diferenciação dos mercados e das estratégias de segmentação (idade);
- aceleração da obsolescência de produtos;
O 3º ciclo, que é a chamada fase do hiper-consumo, é a fase da atualidade. Nessa fase a mercantilização e comercialização contemporânea das necessidades é orquestrada, subjetiva e emocional. Nesta fase, o consumo representa funções subjetivas: gostos particulares, repertórios particulares, identidade cultural singular. Suas características são:
- consumo emocional: consumidores vivem experiências afetivas, imaginárias e sensoriais, mobilização dos 5 sentidos (branding);
- excitação e sensações é que são vendidas, é a experiência vivida;
- o consumidor é entendido como um colecionador de experiências;
- as experiências afetivas viajam no tempo, sendo que produtos com características retrô e produtos vintage ganham seu espaço;
- existe uma inflação de marcas : 50 mil marcas são registradas na França todo ano;
- a globalização é moldada pela explosão de diversidade, imperativos de rapidez e se adotam dinâmicas de fluxos permanentes;
Nesta fase, o puro hedonismo dos costumes, ou seja, o prazer é uma característica importante do consumo de bens e serviços, ao mesmo tempo que, suas palavras-chave na interação com o usuário são: competição, excelência e urgência. É nesse período que se inserem os produtos e serviços digitais.
Segundo o escritor, ainda no design moderno de artefatos, essas palavras-chave são representadas por uma estética que remete ao universo suave, maternal e acolhedor, formas táteis, meio ambiente tranquilizante, descontração e conforto fluido e calmante.
O Design UX, ao projetar artefatos virtuais, faz parte deste cenário e surge a partir destas necessidades. Ele vai além da simples aparência de peças.
Assim como o designer já fazia anteriormente, o design de UX também desempenha suas funções atreladas às necessidades institucionais e principalmente do usuário desta época. Ele marca o “Zeitgeist”(espírito da época) dos dias atuais e, para construir suas funções, tem o seu projeto fundamentado na Interação Humano / Computador e se constitui como uma intersecção entre desejabilidade, utilidade e usabilidade.
Ele representa um ambiente cultural dentro do ambiente, carregando consigo significados que devem levar em consideração expectativas dos usuários, novos modos de abordagem de questões e pessoas e um pensamento centrado no ser humano.
Atuação e importância do Design UX
O UX Design é, atualmente, uma área de extrema importância e que pode agregar muito valor para modelos de negócio e principalmente para produtos digitais e áreas tecnológicas.
Seus campos de atuação são muitos, sendo o e-commerce um deles, e sua concepção engloba diversas outras disciplinas, como design de interação, product design, researching, marketing, copywriting, usabilidade, arquitetura da informação, acessibilidade e tecnologia da informação.
Através de uma fundamentação pautada em pesquisas de usuário e uma profunda articulação entre todos os envolvidos na equipe de projeto, o design de UX, apresenta de forma precisa soluções projetuais baseadas no entendimento de como o consumidor interage e se relaciona com produtos, serviços, marcas e sistemas.
Principais impactos do Design de UX no negócio
Muito mais do que oferecer layouts bonitos de tela para o usuário, o design de UX tem como finalidade agregar valor e gerar impacto no modelo de negócios, apresentando a quem acessa, um fluxo de navegação funcional, uma boa experiência de usabilidade intuitiva, segura e que corresponda aos seus anseios, necessidades e dores, transmitindo assim os valores da empresa e do modelo de negócio inserido no produto/ serviço.
Com essa ampla articulação de disciplinas envolvidas no seu processo investigatório de pesquisa e desenvolvimento, o design de UX articula necessidades do usuário com oportunidades estratégicas para as empresas. Permite um foco no utilizador e no seu direcionamento pelos pontos de contato propostos pelo produto de forma eficaz. Implementando e revisando de forma rápida e dinâmica, mitigando assim custos e tempo para as empresas, mas ao mesmo tempo maximizando seu potencial de negócios e de fidelização de clientes.
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